Um grupo de negras conversava sobre a vitória de Obama com empolgação, orgulho, um brilho diferente nos olhos.
De repente, entrou um homem de cabelos compridos, barba, vestindo uma jaqueta de couro e botas estilo caubói. Sentou-se ao lado de uma senhora que falava sobre a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Coisa pouco comum nessas terras daqui, ele começou a puxar papo com ela e perguntou: "Está feliz com o resultado?". E ela respondeu: "Oh, yes, man!".
Ele, com um sorriso contido nos olhos e um orgulho que parecia um pouco empoeirado, falou: "Sou americano. E decidi voltar pra lá em dezembro."
E continuou batendo papo com a senhora, comentando que ele sentia que a América tinha novamente voltado a ser o que era, que o orgulho devagar voltava à superfície.
Quando cheguei em casa do trabalho, meu namorado chegou impressionado e comentou comigo que três ou quatros negros que trabalham com ele estão pensando em ir morar no Estados Unidos.
Eu morei em Indiana na era Clinton e mesmo tendo a pele de cor branca, apesar dos meus antepassados negros, senti de perto o tamanho do preconceito que existe naquele país – com negros, chineses, mexicanos, estrangeiros – as "minorias", como são chamados por lá.
Essas mesmas pessoas agora sentem que os Estados Unidos, na tutela de Barack Obama, vai abrigá-los.
Americano sempre foi meio xenófobo, um patriotismo quase intolerante. Bush apagou um pouco desse sentimento durante seus oito anos de governo.
Obama parece ter reacendido essa chama. E muita gente vai querer garantir um lugar perto dessa fogueira, que deixou de ser das vaidades.