Thursday, November 06, 2008

Democracy is coming to the USA

Entrei no ônibus na quarta-feira pela manhã e senti um astral diferente, contagiante.

Um grupo de negras conversava sobre a vitória de Obama com empolgação, orgulho, um brilho diferente nos olhos.

De repente, entrou um homem de cabelos compridos, barba, vestindo uma jaqueta de couro e botas estilo caubói. Sentou-se ao lado de uma senhora que falava sobre a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Coisa pouco comum nessas terras daqui, ele começou a puxar papo com ela e perguntou: "Está feliz com o resultado?". E ela respondeu: "Oh, yes, man!".

Ele, com um sorriso contido nos olhos e um orgulho que parecia um pouco empoeirado, falou: "Sou americano. E decidi voltar pra lá em dezembro."

E continuou batendo papo com a senhora, comentando que ele sentia que a América tinha novamente voltado a ser o que era, que o orgulho devagar voltava à superfície.

Quando cheguei em casa do trabalho, meu namorado chegou impressionado e comentou comigo que três ou quatros negros que trabalham com ele estão pensando em ir morar no Estados Unidos.

Eu morei em Indiana na era Clinton e mesmo tendo a pele de cor branca, apesar dos meus antepassados negros, senti de perto o tamanho do preconceito que existe naquele país – com negros, chineses, mexicanos, estrangeiros – as "minorias", como são chamados por lá.

Essas mesmas pessoas agora sentem que os Estados Unidos, na tutela de Barack Obama, vai abrigá-los.

Americano sempre foi meio xenófobo, um patriotismo quase intolerante. Bush apagou um pouco desse sentimento durante seus oito anos de governo.
Obama parece ter reacendido essa chama. E muita gente vai querer garantir um lugar perto dessa fogueira, que deixou de ser das vaidades.

Monday, November 03, 2008

Muito além da depilação ...



A grande godiva do Irajá, dona Kátia Flávia, ficou famosa não apenas por andar num cavalo branco, pelas noites suburbanas, mas também pelas calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas, dessas com armamentos bordados.

Aqui em Londres, a calcinha pode até não ser Exocet ou vir nos sabores framboesa, de morango ou na categoria antiaérea. Afinal, nada daqui se assemelha à Copacabana.

Nem por isso, as calcinhas daqui não são como as daí. Ou não eram.

A principal reclamação das brasileiras que, assim como eu, resolvem desbravar essas terras está relacionada ao tamanho das calcinhas.

Há aquelas que reclamam dos calções, com o corte bem grande, como se todas fôssemos proprietárias de traseiros gigantes, ou como se quiséssemos nos vestir como nossas avós e adotar o estilo retrô também na lingerie. Para essas, sobra a opção das tangas, ou G-Strings, como são conhecidas por aqui.

Esse modelo é simples: basta colocar um fiapo (aí sim modelo fio dental Copacabana) no famoso rêgo e pronto. Economia de tecido. Época de crise.

Para nós, boas reclamonas, que não gostamos nem do modelo vovózinha nas roupas íntimas e nem de ficar incomodadas como elas (incomodada ficava a sua avó, afinal de contas) usando fio dental entalado durante o dia inteiro, descobri essa semana a nossa salvação.

Depois da famosa Brazilian wax, chega a vez da Brazilian panty, ou calcinha a la brasileira, com uma moderação no tamanho do tecido que cobre as nossas partes traseiras. Nem tão grande, nem tão pequeno. Na medida. Brazilian fit, como foi batizada por aqui.

À venda na rede de supermercados metido a besta Marks and Spencer, as calcinhas Brazilian fit – que passarão a dominar meu guarda-roupa e economizar um tanto de dinheiro em pacotes enviados do Brasil pela minha mãe – certamente farão tanto sucesso quanto a nossa famosa depilação.

Alô, polícia. Eu tô usando. E as britânicas certamente também passarão a usar.