Friday, October 27, 2006

E a música brasileira perde um mestre

Faz tempo que eu não escrevo no blog, mas hoje é um daqueles dias que a necessidade de se expressar é incontrolável. E a razão explica.
Entrei na página do UOL nesta manhã e li a notícia sobre a morte do Rogério Duprat. E queria que isso significasse alguma coisa. Queria que significasse que a música brasileira vai ser discutida, que vai ser pesquisada, que a obra de um mestre como o Maestro Duprat não vai ser esquecida.
Além dos famosos arranjos para o icônico Tropicália, de 1968, e de outros menos populares mais que superam em criatividade, como o álbum A Banda Tropicalista do Maestro Duprat, a obra do maestro menos conhecida e mais significativa não estava escrita em partituras, mas em um manifesto escrito por ele em 1963. Batizado de "Música Nova Brasileira", o documento trazia um tratado sobre uma nova postura para a música feita no Brasil. Bebendo de fontes como os ideais dos Modernistas de 22, Duprat propunha uma internacionalização da vanguarda do Brasil, e afirmava que " sem forma revolucionária não há arte revolucionária", fazendo uma alusão a Maiakóvski que dizia que não há conteúdo revolucionário sem forma revolucionária.
E está provado que não há.

O que mais chama atenção nesse manifesto é o fato de que em 1963, quando muito músico brasileiro estava compondo letras impregnadas de duplo sentido, alusões e outros malabarismos para burlarem a censura, Duprat ofereceu uma saída simples. Mudar a forma, esquecer a academia, fazer uma revolução. E que as idéias dele continuem fervilhando a cabeça daqueles que acreditam na criatividade e abominam a mesmice, o padrão musical de qualidade, a falta de tempero. Salve Duprat!

Thursday, August 24, 2006

Tudo o que você sabe está errado...

O sistema solar tinha nove planetas, até 2006.
Já posso imaginar os meus sobrinhos aprendendo sobre o nosso sistema na escola e excluindo o último planetinha, lá do canto, Plutão, da maquete escolar sobre os planetas do Sistema Solar.
Somos oito. Terra, Netuno, Saturno, Marte, Mercúrio, Vênus, Júpiter, Urano. Mais informações veja aqui.
Afff! Posso dizer que a alteração me pegou de surpresa. Pensava eu que algumas coisas não mudariam nunca... algo como essas verdades científicas que ninguém duvida.
Meu adeus a Plutão. E à certeza de que algumas verdades são sólidas.

"Tudo o que é sólido se desmancha no ar"...

Thursday, July 20, 2006

Summer time...

Eu não estou passando frio em Londres, pelo contrário...
Ontem, Londres 36 graus, acreditem ou não.
Vou publicar fotos do meu verão europeu, delicioso e que poderia durar para sempre!
Olhem aqui a matéria que O Globo publicou sobre o verão na Europa.
Tem gente que, literalmente, morre de calor.
Impressionante.
Deixa eu ir pra piscina que quem não tem praia fica fã de lagos e piscinas hheh!

Monday, June 26, 2006

Ai, que saudades dos meus livros!

" Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro "
Caetano


Pra quem não sabe eu voltei pra escola. Estou fazendo um curso de Introdução e Administração de ONGs no Birkeck College e estou adorando encontrar onde tudo (absolutamente tudo) que estudei agora converge. Neste final de semana, lendo um artigo sobre Comunicação e Desenvolvimento, chorei quando percebi que toda a confusão que estava na minha cabeça sobre como juntar cultura, rádio, comunicação, mídia, identidade e globalização em uma coisa só de repente, com um "plim", convergeu. E recai sobre comunicação participativa. E no sonho da minha ONG...

Na quinta feira vou apresentar um trabalho sobre a Rádio Madame Satã, no Rio. Então, procurando bibliografia, morri de saudades dos meus livros. Daqueles com as páginas bem marcadas, daquelas anotações dos cantos de página que eu sei onde estão e que são bençãos na hora de escrever algum artigo. Senti falta das capas, do cheiro, dos inúmeros post its que colo ao lado das páginas mais importantes. Senti saudades de Canclini, Castells, Hall, Meditsch, Smith...
Senti falta dos meus livros, que venho juntando ao longo de tanto tempo e que sempre farão parte da minha vida. Ainda bem que estão em Antonina, bem guardados. Gosto quando quero estar perto deles, sinal de que estou seguindo o caminho certo...

Wednesday, June 14, 2006

Com muita garra e emoção?

Ai, que joguinho pouco emocionante essa estréia do Brasil na Copa.
Eu até tentei me animar, mas fiquei naquela expectativa o jogo todo.
Seleção morna. E pra mim, aquele Ronaldo tinha que sair do campo e ir para um spa! Fala sério.
O croata que marcou ele o jogo todo disse que foi moleza. Dá uma olhada só no depoimento dele. Sério o cara ficou confuso... mas esse Ronaldo não era um fenômeno?
Fenômeno nessa copa só as quantias bilionárias que a FIFA e a CBF ganharam com o nosso time. Fenômeno é o sucesso da Nike.
O resto é so futebol, meu irmão. E aí a gente anda mal das pernas.

Friday, June 02, 2006

Trópicos

"Human beings make a strange fauna and flora. From a distance they appear negligible; up close they are apt to appear ugly and malicious.
More than anything they need to be surrounded with sufficient space - space even more than time."
Henry Miller

Thursday, May 18, 2006

Ampolas culturais...


" Quando ouço a palavra cultura, saco meu revóver". Goebbels
"Quando ouço a palavra cultura, saco meu talão de cheques".Jerry Palance
Eu quando ouço a palavra cultura, penso que deveria vir em ampolas, para injetar na veia.
Estou viciada.
Maio, mês cultural em Londres. Um pouco do que eu vi por aqui, nas minhas doses diárias ou semanais.
Dose número um: Tom Zé.



Como parte do evento Tropicália - A revolution in Brazilian Culture, promovido pelo Barbican, o mestre Tom Zé aterrissou em Londres para deixar todo mundo de boca aberta. Apesar da idade, ele continua parecendo uma criança no palco e fez um dos shows mais impressionantes que eu já vi. Música, performance, experimentação e muita, mas muita crítica social. Fiquei com a impressão de que ele é o que sobra artisiticamente da atitude tropicalista no Brasil.

Ele falou em inglês o espetáculo inteiro. Um inglês meio tupi, proposital ou não. E quando não sabia uma palavra elegeu um cara da platéia para traduzir pra ele. Figuraça. Criticou a Europa, que tanto roubou o Brasil, criticou a prostituição infantil e o turismo sexual ("a prostituição infantil barataノ a criança coitadinha do Nordeste/ colaborando com o Produto Interno Bruto/ e esse produto enterra bruto..."), criticou a cultura de massa e fez a platéia inteira repetir e aplaudir num coro: " Eita globarbarização"!

Isso sem contar o disco novo - Estudando o Pagode, uma beleza. Consegue criticar os doutores da bossa nova num espetacular pagode de resistência. Olhe só:

"Vinícius de Moraes, Baden Powell, Antonio Carlos Jobim, Menescal,Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, Carlos Lira, Mille e o feminino João / Doutor, você é bom de colarinho, mas não fez a bossa-nova sozinho.O que te ilude é Roliúde, Roliúde-ude / A Cinderela bugue-ugue, Bugue-ugue bugue/ Prefiro meu pagode-wood /God me sacode/ Te deixo com teu rock-bode / Doutor, este teu papo não cola/ Você vaiou a bossa-nova n’O Pato/ A gente, além de não ter escola /Essa cultura de massa é um saco-de-gato".

Eu preciso de um dia para falar de Tom Zé. Todo espaço é pouco pra genialidade de Tom Zé.

Dose número dois: Marc Ribot

Quando eu penso em ir num show aqui em Londres de uma banda ou um músico que eu não conheço muito, penso sempre na minha profissão e numa palavra que nunca me sai da cabeça: repertório. É preciso mesmo ampliar as escolhas. Quanto mais se conhece, mais se seleciona, ainda bem. E foi por isso que eu optei por ir ao show do Marc Ribot.

Um cara que já tocou com Tom Waits e que teve uma banda como Los Cubanos Postizos não é pouca coisa. Mas ver o cara pessoalmente e escutar o som que ele está fazendo atualmente com a banda Ceramic Dogs não é mole não. O trabalho dele, ainda de vanguarda, me deu um nó na cabeça. Distorções, microfonias, efeitos, um caos. Um caos musical contemporâneo. Música moderna, pós moderna, música que tem que ser ouvida. Ode urbano. Ainda vou precisar de alguns anos e um repertório um pouco mais apurado pra entender bem esse cara. Mas eu vou tentando.

Dose número três: Cibele


Quando eu trabalhava na Educativa me lembro de um disquinho dessa cantora que tinha uma versão moderninha de Ronco da Cuíca. Na época o que ela fazia era quase original, meio diferente, misturar música brasileira com sons eletrônicos não era esse marasmo meio Fernanda Porto, meio Vanessa da Mata que é hoje em dia.

Quando vi que a Cibelle ia abrir o show do Tom Zé no Barbican fiquei surpresa. Depois de assistir ao show, mais surpresa ainda. E resolvi assistir ao show dela no Jazz Cafe, pra ver qual era. Cibelle me lembra muito Marisa Monte no início da carreira. Não só a voz, mas o jeito. Ela canta em português e inglês, usa dois microfones - um para o vocal e outro para fazer vocalises e efeitos que são gravados e repetidos durante a música, suporte que cria um efeito bacana e causa impacto no palco. Ela amadureceu bastante, compõe algumas faixas e está com uma sonoridade mais coesa. Por aqui estão a chamando de Bjork brasileira, um exagero. Mas ela realmente está procurando um pouco de originalidade. E passa longe da misturinha chata e repetitiva de mpb com efeitos eletrônicos. Ela bebeu de boas fontes.

Cibelle, feliz ou infelizmente, vai ser daquelas cantoras que vai ficar famosa antes fora, pra depois ser conhecida no Brasil. Portanto, se você está por aí, comece já a divulgar o trabalho da cantora.

Dose número quatro e arrebatadora: Cocorosie


Puta que o pariu! Não tem expressão melhor que essa, infelizmente, no meu escasso vocabulário pra falar dessa banda. As irmãs Casidy - Sierra e Bianca- nasceram em Iowa e no Hawai, respectivamente. O pai, Timothy Casidy era uma espécie de xamã e as meninas cresceram num ambiente meio cherokee. Ficaram uma década separadas, e se encontraram em Paris, onde Bianca estava estudando no Conservatório de Paris para ser cantora de ópera. As duas irmãs perceberam as afinidades e ficaram trancadas no banheiro do apê em Montmartre (onde a acústica era melhor) para gravar o primeiro ábum La Maison de Mon Reve e criar uma das bandas mais originais da atualidade : Cocorosie.

Eu já estava encantada com o segundo disco, Noah's Arc quando fiquei sabendo que elas iriam tocar em Londres e corri para comprar o ingresso com dois meses de antecedência. E fui para o show como uma criança vai ao parque de diversões. E me diverti. Elas tem uma presença de palco cativante. Sierra parece uma menina, pula, brinca, roda e abraça todo mundo. Bianca tem uma voz que eu nunca vi igual, com uma influência hip hop ela parece ter saído de um desenho animado. Se é difícil explicar as meninas, nem se fale da música. Ali tem tudo: hip hop, harpa, baixo acústico, muita percussão vocal, brinquedinhos de criança, violino, piano... é lúdico, não há definição melhor. É voltar a infância. É ser levado junto com os animais pela Arca de Noé... cantando.

Essas meninas ainda vão dar muito, muito o que falar. E eu fico feliz que o povo goste do som como o delas. Eu fico feliz de gostar do som delas. É bom, ingênuo e despretencioso. Cocorosie é meu som do momento, minha trilha sonora.

Londres tem sido uma escola. De vida, profissional, de amadurecimento, de aprender a separar o joio do trigo, a massa do biscoito fino. Escola de ampliar repertório. Esse é o meu primeiro ano sem estudar e como eu tenho aprendido! Cada vez mais certa da minha escolha de esperar, olhar para outros lados, de digerir tudo o que eu ouvi e aprendi até agora. De me tornar uma jornalista, uma acadêmica e uma pessoa melhor. Sempre tem um período de suspensãoantes da chuva. Isso são fraturas estéticas. Fraturas expostas.

Friday, May 12, 2006

Eu não sei nada de política, mas também não jejuo.

Quem me conhece sabe que eu não sou uma pessoa lá muito ligada em política. Apesar do meu ancestral familiar legislativo, nunca me enveredei por esses campos e posso me considerar uma quase ignorante no assunto. Depois do mestrado meus olhos estão um pouco mais abertos sobre o atual governo no Brasil e também alguns da América Latina, e posso dizer que hoje em dia, eu estou bem informada sobre os assuntos políticos do lado de baixo e de cima do Equador, e do direito e esquerdo de Greenwich.

Apesar da falta de conhecimento político, nunca gostei do Garotinho. Hoje então, quando li a coluna do Tom Philips no Guardian sobre a greve de fome, quase morri de indigestão enquanto comia meu café da manhã. Acho esse cara um oportunista de marca maior, um rebelde burguês e sem causa e agora. Vá fazer greve de fome lá na casa da dona Rosinha! Não sei o que é mais triste nessa história toda: a jornalista que foi ferida por um segurança do rapaz, a mídia que cobriu o assunto, a falta de comentário da Veja sobre a autorização do direito de resposta, ou a atitude pré-eleições de um cidadão candidato a presidente do Brasil.

O jornalista Ricardo Kotscho até comentou no site No Mínimo a falta de sinais de campanha para as eleições deste ano, pelo jeito, Garotinho pegou pesado na corrida para as eleições presidenciais. Greve de fome seria o novo marketing político usado no Brasil? Ah, se Duda Mendonça soubesse...

Entendo o frisson, a importância de se rebelar contra as Organizações Globo, e tudo mais. Mas não entendo um homem que quer ser presidente do Brasil chegar a esse ponto. Não entendo o Brasil chegar a este ponto. E nem ele ter chego tão longe com uma carreira política tão medíocre.

Mas repito, sou ignorante no assunto. Pouco sei sobre política, mas não consegui ficar quieta sobre esse assunto e me perdoem se o desabafo soou ingênuo. É que eu dispenso uma greve de fome e quero mais é saber de projetos políticos, sociais e oxalá culturais.
E saco vazio não para em pé, minha mãe sempre dizia.

Tuesday, April 18, 2006

Feliz Pascoa com ovos de galinha...




















Eu acho que minha comida preferida mesmo é ovo de galinha. Nessa Páscoa, preferi os ovinhos brancos fritos e com a gema bem molinha ao invés dos tradicionais ovos de chocolate. Mas claro, sempre sobra um espaço para um docinho... hehehhe

Essa Páscoa foi um sossego só. Eu e o Renato ficamos em Londres mesmo, não viajamos porque não nos planejamos e estava tudo caro, mas foi a melhor coisa, já que nosso feriadão de quatro dias (isso mesmo, aqui sexta e segunda não se trabalha) foi um barato!

Tudo começou na quinta feira no Mother Bar, em Shoreditch. A turminha que vem se formando desde o sábado passado, no show do Velvet Blue na Virgin agitou todas lá na quinta feira quase que até de manhã...
Na sexta feira rolou um churrasco "a la" Brasil na casa da Carol, minha mais nova amiga mineira aqui em Londres. Com o Rafa no violão e a Marininha e a Carol nos vocais, rolou de tudo, até, claro, Sidney Magall. Muito bom, tão bom que eu só voltei pra casa ali pelas duas da matina. Essa galera não é mole não!
No sábado o programa rolou light com um teatro massa com o Marcelo e a Patrícia. Fomos assistir "Who's Afraid of Virginia Wolff", com a Kathleen Turner no Apollo Theatre. A peça é ótima. Texto bom, atores bons, programa excelente. E claro que no sábado a gente dorniu, afinal, ninguém é de ferro. Mas antes da soneca, assistimos Corpse Bride, do Tim Burton, uma graça.
No domingo eu e o Re fomos caminhar até Primrose Hill, um parque aqui perto de casa que tem uma vista linda de Londres. Depois caminhamos pelo Regents Park e encontramos a Patricia para um almoço indiano. De lá fomos para Canary Wharf e Greenwich pra passear e na volta comemos num restaurante vietnamita. Delícia!
Segunda foi dia de comprinhas de mulher, num programa de menina com a Patricia, que vai embora na quarta. Covent Garden e Soho e muito papo!
Ufa! Páscoa que nem essa só com muito chocolate para repor as energias. Chocolate e claro, muito ovo de galinha! Londres é mesmo uma cidade cheia de ciclos. E esse novo que está começando agora tem sido ótimo!

Friday, April 07, 2006

A descoberta de Barcelona




























Eu não teria palavras suficientes nem em português, inglês ou espanhol para falar dessa viagem para Barcelona. A cidade é meio assim como voltar ao tempo, um pouco como retornar ao Brasil, uma descoberta no cruzamento de cada uma das ruas estreitas e antigas do Bairro Gótico.
Os velhinhos tomando suas cavas ou suas cervejas com limonada nos bares de tapas e comendo petiscos tradicionais revelam uma tradição espanhola e uma semelhança com os nossos botecos brasileiros.
As ruas estreitas sempre povoaram minha imaginação e fui encontrá-las, lindas, cheias de roupas estendidas nas sacadas, vivas, cheias de histórias, caminhando com os sentidos aguçados, pelas ruas de Barcelona.
A Sagrada Família, que sempre me pareceu como se Gaudí estivesse fazendo castelinhos com areia molhada, templo que era um dos sonhos da minha vida conhecer me emocionou, chocou, alterou meu sentido.
Cava, jamon de país, tapas de todos os jeitos, gostos e tamanhos, bocadillos, gostos e sabores de Barcelona que supreenderam meu gosto.
O povo, sangue quente, latino, orgulhoso... gente berrando na rua, gente viva, de verdade.
Barcelona é onde a Europa fica mais parecida com o Brasil, onde eu me sinto mais em casa.
Andar pelas ruas da Barceloneta, do Bairro Gótico vai sempre estar entre minhas coisas preferidas da vida!
Vale!

Saturday, March 11, 2006

Os botões da minha vó





Quando era pequena, minhas avós colecionavam botões. Dizia-se que era para as costuras, mas sempre achei os botões mais parte da história das minhas vozinhas que das suas costuras. E botões têm lendas, guardam histórias, não apenas porque abrem e fecham bolsas, blusas e segredos, mas porque ornamentam a minha trajetória e hoje povoam minha memória de recordações de amor, da minha terra e da minha família.
Comprei um colar de botões quando estive no Brasil. Num dos poucos passeios que fiz sozinha, fui até a feirinha no Largo da Ordem e me encantei com o colar, cheinho de botões. Na volta para Londres, num vôo que parece ter durado uma semana, fiquei pensando nos botões das minhas avós e tive certeza de que o Brasil é, de fato, a minha terra. Em que outro país do mundo avós colecionam botões?
Hoje no Brasil residem minhas raízes, minha família e muitas das pessoas que eu amo. Fui para dar e receber amor; de mãe, de irmã, de filha, tia, amiga, amor diferente deste intenso que eu vivo aqui em Londres.
Fui para me lembrar dos botões da minhas avós e do amor que elas sempre me ensinaram a dar e receber.

Tuesday, February 14, 2006

Eu tô voltando...


Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando
Põe meia dúzia de brahma prá gelar, muda a roupa de cama ]
Eu tô voltando
Leva o chinelo prá sala de jantar
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar (...)
Dá uma geral, faz um bom defumador, enche a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia, aproveita, tá calor, vai pegando uma cor
Que eu tô voltando....


Chico Buarque pra comemorar a volta pra casa!

Até amanhã, Brasil!

Saturday, February 04, 2006

Tãtãtãnã, tãtãtãnã...here comes the bride!

Eu não podia deixar de registrar aqui no meu blog que 2006 é o ano dos casamentos. Sem brincadeira nenhuma ou exageros, nada mais, nada menos do que 10 das minhas boas amigas vão se casar neste ano.
Entre as noivinhas de 2006 estão a minha cara Dri, que pensou que nunca mais ia decidir isso e esse ano fez a alegria do Jacyr; a Gy, que encontrou no Mau o par perfeito e vice-virsa; a Rô e o Antu, que era pra ser desde o começo; a Fró que vai ter uma nova família com o tio Rafão; a Meli cujo parceiro, Tony é a tampa da panela (e ela pensou que fosse frigideira); a Isa que encontrou um amor antigo do outro lado do mundo; a Marcela que vai ser feliz na Grécia com o Kostas; a Jujuba, que está doidinha pelo Nazem; a Di, mulher do Otávio, meu primo que já está com um novo membro da família na barriga e ufa! acho que são essas.
Eu bem que queria ir a todos os casamentos, mas como estou um pouco longe, vai depender de bastante coisa. De qualquer forma, todas elas sabem que eu torço muito pela felicidade delas e que elas serão as noivas mais felizes desse ano!
E que sejam felizes para sempre!
*ps: yes, eu me animei com a idéia, mas anel no meu dedinho não vai ter tão cedo, hehehhe!

Tuesday, January 24, 2006

As lentes orientais





Sempre fui fascinada pelo olhar oriental. Principalmente os rituais, a forma como em tudo que fazem, colocam um pouco do olhar que têm sobre o mundo, a vida, a morte. Gosto de como entendem que tudo é do jeito que tem que ser e como respeitam o ciclo natural das coisas. Aprecio como a linha entre a delicadeza e a força é tênue quando se trata da cultura oriental, em especial da japonesa.
Sábado fui com o Renato assistir a exposição do fotógrafo japonês Nobuyoshi Araki. Quem não conhece o trabalho dele, tem que conhecer. Eu sempre fui fã de arte erótica, e ele não me decepcionou, mas também não superou minhas expectativas. De qualquer forma, o universo dele se mostrou maior do que eu conhecia e isso já valeu a ida.
Os trabalhos mais conhecidos são os das modelos japonesas, mas ele tem uma sessão de fotos de um menino chamado Satchi que é imperdível. Uma coleção de fotos da falecida esposa que são chocantes, tocantes. As fotos mais simples foram as que me chamaram mais atenção. Limpas, despidas na frente da lente, como se ele conseguisse não estar lá, ou como se pudesse estar presente no corpo de cada uma das modelos. Um auto retrato tirado por alguém?
Enfim, arte para os meus olhos e pra enaltecer meu dia. Para lembrar que isso faz a diferença.
Para finalizar, as melhores fotos do dia foram as que eu fiz com o Re passeando por 10 estações de metrô diferentes, de Notting Hill a Wapping. A day to remember.