Os marginais de Londres?
“O carnaval mais do que uma simples festa é uma visão do mundo onde todas as normas são questionadas, daí tudo o que é marginalizado socialmente busca uma libertação catártica. Em suma, caindo-se as barreiras, gera-se uma comunicação livre e polifônica".
Mikhail Bakhtin
A comunidade negra de Londres tem muitas faces. Cheiros caribenhos, gostos africanos, sons jamaicanos lembram um pouco as figuras que Gilberto Freire descreve em "Casa Grande Senzala"; um negro que no Brasil, ainda se pode encontrar mesmo só na Bahia. Um negro que me dá banzo, que me deixa nostálgica de uma coisa que nós, brasileiros, sempre quisemos, mas nunca conseguimos alcançar.
A libertação da força negra no desfile, nos carros de sons, nas músicas e nas comidas escancara uma realidade diferente sobre Londres. Escancara a marginalização, a segregação que eu, ingênua, pensava não existir. Escancara que o cenário multicultural de Londres, ao deixar que se preservem as características de cada comunidade cultural que aqui habita, gera também segregação. O carnaval de Notting Hill me mostrou isso.
O nosso "melting pot", a diversidade nossa e deles, o multiculturalismo que parece estar aqui e lá... ainda não sei qual o melhor jeito para que essa comunicação polifônica seja uma realidade todos os dias do ano e não se acabe na quarta, na segunda ou na terça.
E vamo que vamo!