Morar em Camdem Town por quase três anos, dois dos quais morando e trabalhando nesse bairro de Londres, fez maravilhas para que eu conhecesse alguns cantos escondidos dessa cidade e que entrariam fácil em qualquer lista de dicas que eu fizesse para alguém de lugares imperdíveis por aqui.
Não só a noite rockabilly com um DJ que só toca 45 rps no Elephant Head, ou as free gigs no barulhento Dublin Castle e até o Hawley Arms – pubzinho metido a besta que ficou conhecido por ser o preferido (ou o “local” como eles chamam por aqui) de Amy Winehouse e também porque pegou fogo no suspeito incêndio que destruiu metade do mercado exatamente no dia que eu me mudei de Camden. Ou ainda o ex-esfumaçado e preferido de bastante gente, o lendário Good Mixer.
Além de tudo isso, Camden tem o mercado mais bacana da cidade, as lojas todas de acessórios burlescos, tantos corpetes quanto minha cintura jamais poderia aguentar e uma galera que eu sempre imaginei andando nas ruas dessa cidade antes de ter pisado os meus pés por aqui. Mas Camden é assunto pra um só post. Esse é sobre o maior segredo que me apresentaram por lá: o Marathon.
Marathon – fino, fino, fino – é um boteco, ops Boteco, com B maiúsculo. É, na verdade (ou na fachada) um kebab house. Uma espécie de lanchonete que vende kebabs, burguers e outras laricas para as madrugas insones ou de bebedeira.
De dia, um kebab house como tantos outros em Londres. A noite, pra quem conhece, lá no fundo, rolam noites e madrugas de música ao vivo ou meio ao vivo. Explicarei.
A primeira vez que fui no Marathon foi no meu aniversário de 27 anos quando todo o resto de Camden já tinha ido dormir. Fomos para lá comer um kebab e eis que entra pela porta seu Daniel Jeanrenaud com sua guitarra 1951 Gibson ES3000 de nome Nadine.
O cara mandou ver um rock n’roll de primeira e depois passou o copinho pra que a galera pudesse dar sua contribuição. Tempos mais tarde fui descobrir que Nadine –ela mesma, a guitarra- ganhou o nome depois que Chuck Berry a pediu emprestada em uma noite em Paris e que Daniel ou Monsieur Jeanrenaud era o líder da banda Kingsnakes, que mais tarde teria como integrante seu Mano Chao em fase pré- Mano Negra. Ele, que virou meio mendigo em Londres, retomou sua glória nessas noites memoráveis e semanais no Marathon.
A outra vez que fui parar lá tinha um grupo de velhinhos – uns três ou quatro – nos sopros. Os caras colocavam um playback de alguma música famosa – o tema do Batman, por exemplo- e mandavam ver nos sopros pra delírio da galera. Daí a música meio ao vivo.
Várias noites se seguiram no bom e velho Marathon, com amigos que cá estão ou que já se mandaram de volta pro Brasil. Mas o lugar virou parada obrigatória.
A minha mais recente incursão pelos kebabs e noitadas do Marathon rolou há umas duas semanas quando, saindo do show do De la Soul no Jazz Cafe, decidimos terminar a noite por lá.
Quando chegamos, ouvimos Madonna cantar. Uma loira bem mequetrefe e baixinha que fazia cover da dona diva da pop music no melhor estilo decadence trash que garantiu boas risadas. Nome artístico da dona moça: Madonner. Isso porque donner kebab é o tipo de kebab mais popular. Cantando ela em uma kebab house, Madonner não fez feio nem na escolha do nome.
Logo depois, seu Daniel Jeanrenaud, já irritado com a performance bizarra da moça – ele, um roqueiro das antigas e com uma reputação e nome a zelar – pegou sua Nadine para fazer amor e rock n’roll para a felicidade de todos nós. E até tocou minha música preferida de seu (extenso) repertório: Suspicious Minds, de ninguém menos que Elvis Presley, pra mostrar quem é o rei da paçoca, do rock, ou, no caso, do kebab.
Para ver um vídeo de Monsieur Jeanrenaud tocando Suspicious Minds no lendário Marathon, acesse aqui o canal do Youtube do Renato Larini que fez essa gravação escondida em uma de nossas noites por lá.
E não deixe de entrar no myspace do Daniel, que abre com a seguinte frase: "Rock n’roll and ketchup, baby!"
Não só a noite rockabilly com um DJ que só toca 45 rps no Elephant Head, ou as free gigs no barulhento Dublin Castle e até o Hawley Arms – pubzinho metido a besta que ficou conhecido por ser o preferido (ou o “local” como eles chamam por aqui) de Amy Winehouse e também porque pegou fogo no suspeito incêndio que destruiu metade do mercado exatamente no dia que eu me mudei de Camden. Ou ainda o ex-esfumaçado e preferido de bastante gente, o lendário Good Mixer.
Além de tudo isso, Camden tem o mercado mais bacana da cidade, as lojas todas de acessórios burlescos, tantos corpetes quanto minha cintura jamais poderia aguentar e uma galera que eu sempre imaginei andando nas ruas dessa cidade antes de ter pisado os meus pés por aqui. Mas Camden é assunto pra um só post. Esse é sobre o maior segredo que me apresentaram por lá: o Marathon.
Marathon – fino, fino, fino – é um boteco, ops Boteco, com B maiúsculo. É, na verdade (ou na fachada) um kebab house. Uma espécie de lanchonete que vende kebabs, burguers e outras laricas para as madrugas insones ou de bebedeira.
De dia, um kebab house como tantos outros em Londres. A noite, pra quem conhece, lá no fundo, rolam noites e madrugas de música ao vivo ou meio ao vivo. Explicarei.
A primeira vez que fui no Marathon foi no meu aniversário de 27 anos quando todo o resto de Camden já tinha ido dormir. Fomos para lá comer um kebab e eis que entra pela porta seu Daniel Jeanrenaud com sua guitarra 1951 Gibson ES3000 de nome Nadine.
O cara mandou ver um rock n’roll de primeira e depois passou o copinho pra que a galera pudesse dar sua contribuição. Tempos mais tarde fui descobrir que Nadine –ela mesma, a guitarra- ganhou o nome depois que Chuck Berry a pediu emprestada em uma noite em Paris e que Daniel ou Monsieur Jeanrenaud era o líder da banda Kingsnakes, que mais tarde teria como integrante seu Mano Chao em fase pré- Mano Negra. Ele, que virou meio mendigo em Londres, retomou sua glória nessas noites memoráveis e semanais no Marathon.
A outra vez que fui parar lá tinha um grupo de velhinhos – uns três ou quatro – nos sopros. Os caras colocavam um playback de alguma música famosa – o tema do Batman, por exemplo- e mandavam ver nos sopros pra delírio da galera. Daí a música meio ao vivo.
Várias noites se seguiram no bom e velho Marathon, com amigos que cá estão ou que já se mandaram de volta pro Brasil. Mas o lugar virou parada obrigatória.
A minha mais recente incursão pelos kebabs e noitadas do Marathon rolou há umas duas semanas quando, saindo do show do De la Soul no Jazz Cafe, decidimos terminar a noite por lá.
Quando chegamos, ouvimos Madonna cantar. Uma loira bem mequetrefe e baixinha que fazia cover da dona diva da pop music no melhor estilo decadence trash que garantiu boas risadas. Nome artístico da dona moça: Madonner. Isso porque donner kebab é o tipo de kebab mais popular. Cantando ela em uma kebab house, Madonner não fez feio nem na escolha do nome.
Logo depois, seu Daniel Jeanrenaud, já irritado com a performance bizarra da moça – ele, um roqueiro das antigas e com uma reputação e nome a zelar – pegou sua Nadine para fazer amor e rock n’roll para a felicidade de todos nós. E até tocou minha música preferida de seu (extenso) repertório: Suspicious Minds, de ninguém menos que Elvis Presley, pra mostrar quem é o rei da paçoca, do rock, ou, no caso, do kebab.
Para ver um vídeo de Monsieur Jeanrenaud tocando Suspicious Minds no lendário Marathon, acesse aqui o canal do Youtube do Renato Larini que fez essa gravação escondida em uma de nossas noites por lá.
E não deixe de entrar no myspace do Daniel, que abre com a seguinte frase: "Rock n’roll and ketchup, baby!"
1 comment:
Até chorei de saudade querida!!!
Te adorooooooooooo!!!
Beijosss...
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